quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

´Por muitos`. Não ´por todos`


Orlando Fedeli


     Acaba de ser noticiado — mas, não pelo Vaticano — que a Congregação para o Culto Divino lançou um decreto [datado de 17 de Outubro passado] determinando que, nas Missas, sejam proferidas fielmente as próprias palavras da consagração empregadas por Jesus Cristo, na quinta-feira Santa, quando o Divino Mestre instituiu a Sagrada Eucaristia.     Eis o que escreveu o Cardeal Arinze, chefe do Dicastério para o Culto Divino, em sua carta aos presidentes das conferências episcopais, explicando as razões do decreto do Vaticano, que manda colocar o “por muitos” em vez de ”por todos” nas traduções para o vernáculo:
"Os Evangelhos Sinóticos (Mt 26, 28; Mc 14, 24) fazem referência específica a "muitos" pelos quais o Senhor oferece o Sacrifício, e essa palavra foi enfatizada por alguns exegetas em conexão com as palavras do profeta Isaías (53, 11-12). Teria sido perfeitamente possível aos textos do Evangelho dizer "por todos" (por exemplo, cf. Lucas 12, 41); ao invés, a fórmula apresentada na narrativa da instituição [da Eucaristia] é "por muitos", e as palavras foram fielmente traduzidas assim na maioria das versões bíblicas modernas. 
O Rito Romano em latim sempre disse pro multis e nunca pro omnibus na consagração do cálice. As anáforas dos diversos ritos orientais, sejam em grego, siríaco, armênio, línguas eslavas, etc., contêm o equivalente verbal do latim pro multis em suas respectivas línguas. "Por muitos" é uma tradução fiel de pro multis, ao passo que "por todos" está mais para uma explicação do tipo que cabe mais propriamente à catequese. A expressão "por muitos", embora permanecendo aberta à inclusão de cada pessoa humana, reflete também o fato de que essa salvação não é aplicada de modo mecânico, independentemente da vontade e da participação de cada um; pelo contrário, o fiel é convidado a aceitar na fé o dom oferecido e a receber a vida sobrenatural que é dada àqueles que participam nesse mistério, agindo de acordo em sua vida, de modo a ser contado no número dos "muitos" aos quais o texto se refere. De acordo com a instrução Liturgiam Authenticam, deve ser feito um esforço para uma maior fidelidade aos textos latinos nas edições típicas [do Missal]".

     Esse texto do Cardeal Arinze deixa claro o abuso que foi feito e que, agora, décadas depois, o Papa Bento XVI determinou sanar.
     Com efeito, embora o texto latino da Missa Nova fabricada pelo maçom Monsenhor Bugnini, por ordem de Paulo VI, empregue a fórmula correta na Consagração do vinho, as traduções da Missa para o vernáculo, em muitas línguas, foram infiéis ao Evangelho, escandalizando os fiéis católicos.      De fato, as palavras usadas por Jesus Cristo ao consagrar o vinho, na Santa Ceia, foram estas:
"Bebei dele todos. Porque isto é o meu Sangue do Novo Testamento o qual será derramado por muitos para a remissão dos pecados"(São Mt. XXVI, 27-28).
"Isto é o meu Sangue do Novo Testamento que será derramado por muitos" (São Marcos, XIV, 24). (destaques nossos)
     Num atrevimento único na história da Igreja, as Conferências Episcopais de muitos países, concordes na deturpação das palavras do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, ousaram trocar as palavras "por muitos", colocando em seu lugar "por todos" na Consagração do vinho na Missa.
     Essa troca escandalosa provocou protestos inúmeros em todo o orbe católico. Mas de nada adiantou. Alguns chegaram ao exagero de pensar que, por causa dessa troca, a consagração seria inválida. O que não é verdade. Mas o mal feito foi imenso.     Qual a razão dessa estranha concordância de muitas Conferências Episcopais que permitiram a deturpação, consciente e atrevida, das próprias palavras de nosso Divino Salvador?        A razão foi a nova heresia da salvação universal, nascida necessariamente do ecumenismo do Concílio Vaticano II.     Com efeito, a "Gaudium et Spes – Tristezas e Angústias" afirmou uma doutrina absurda da qual iam decorrer muitas conseqüências errôneas. Tal doutrina absurda está nas seguintes palavras:
 "Por isso, proclamando a vocação altíssima do homem e afirmando existir nele uma semente divina o Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a essa vocação" (Concílio Vaticano II, Gaudium et SpesTristitiae et Angustiae, nº 3. Os destaques são nossos). 
     Essa é uma tese gnóstica.
     Não existe nenhuma semente divina no homem. Se existisse tal semente divina, nenhum homem poderia se perder eternamente. Todos necessariamente estariam salvos. Em qualquer religião, ou mesmo sem religião, todos se salvariam, porque, havendo algo de substancialmente divino no homem, ninguém se danaria, pois todos os homens seriam, no fundo, divinos.     Esse seria então o mistério do homem que Cristo teria vindo revelar ao homem: o homem seria deus, e todo homem, por ser homem, necessariamente estaria salvo.      Daí, o antropocentrismo do Vaticano II. Daí, o ecumenismo. Daí, a fraternidade universal – tese maçônica – com a qual o Vaticano II quis cooperar. Daí, o culto do homem que Paulo VI reconheceu existir no Vaticano II. Daí, a nova Missa fabricada por Bugnini com a ordem, permissão e aprovação de Paulo VI.     Daí, a necessidade de trocar o "por muitos" – proferido por Cristo –, pelo ecumênico e otimista "por todos", exigido pelas Conferências Episcopais modernistas.      Esse era um ponto da nova Teologia, existente por trás da Missa Nova.     A nova formulação na tradução vernácula da Nova Missa, além de trocar as palavras ditas pelo próprio Deus, visavam escamotear a distinção entre redenção objetiva e redenção subjetiva.     Com efeito, por redenção objetiva, a doutrina católica entende que, sendo os méritos de Cristo infinitos, eles são suficientes para salvar todos os homens.     Entretanto, isto não implica que todos os homens estejam automaticamente salvos, como pretendem certos protestantes, e como defendem os modernistas crentes que exista no homem a tal semente divina de que fala gnosticamente a otimista Gaudium et Spes,Tristitiae et Angustiae.     Os méritos de Jesus Cristo, nosso Divino Redentor, como já dissemos, são infinitos, e, por isso, assaz suficientes para salvar todos os homens. Entretanto, nem todos aproveitam desses méritos: é preciso, para se salvar, que um sujeito aceite a redenção, aceitando a Fé e pedindo o Batismo, a fim de poder participar dos méritos infinitos de Cristo, e aceitando os sacramentos, possa praticar a lei de Deus e da Igreja. É a isso que se chama redenção subjetiva: que cada sujeito queira aceitar a redenção de Cristo tornado-se  membro da Igreja, pelo Batismo.     A substituição do "por muitos" pelo fraudulento "por todos" incutiu sutilmente no povo que todos os homens se salvam.      É de espantar que o povo deixasse de se confessar?     É de espantar que os padres não quisessem mais atender confissões?     É de espantar que os confessionários tenham sido abandonados, passando os padres a brincar de consultores psicanalíticos, sem diploma e sem competência?     É de espantar que o ecumenismo tenha recebido larga compreensão? Pois se todos se salvam, para que ser católico?     Todos somos bons! Todos somos até divinos! Todos estamos salvos!     Foi o que ensinou implicitamente o Concílio Vaticano II.     É no que acreditam os modernistas.
     Vamos festejar!!!     A Missa passou a ser um banquete festivo e não mais a renovação do sacrifício do Calvário.     Festejemos, pois! A Missa é um banquete! Uma ceia, como ensinou Padre Martinho Lutero!...     Festejemos! Com pandeiro, cuíca e reco-reco!           Festejemos com guitarras, baterias e moçoilas dançando sensualmente, diante do altar. Do altar, não. Da mesa da ceia.      A Missa Nova procura tornar tudo profano, pois ela pouco tem a ver com a Teologia da Missa antiga.     É uma Nova Missa fabricada com a ajuda de seis pastores protestantes (GEORGES, JASPER, SEPHARD, KONNETH, SMITH, e MAX THURIAN, representando respectivamente o Conselho Ecumênico das Igrejas cismáticas, os Anglicanos, os Luteranos e a comunidade de Taizé).     Portanto, o decreto da Santa Sé ordenando que se traduza corretamente as palavras da consagração do cálice, usando o “por muitos” e não o “por todos” é indiretamente um grave golpe na doutrina da salvação universal e no ecumenismo. É, pois, um grave golpe no Vaticano II e em seu antropocentrismo.     Durante décadas, os defensores da missa nova afirmaram que a era só o latim e o vernáculo que diferenciavam a Missa de sempre da Missa Nova.     O decreto criador do Instituto do Bom Pastor obrigou os modernistas franceses a abrir finalmente a boca e o jogo: vários deles – jornalistas, e mesmo Bispos – protestando contra a iminente liberação da Missa de sempre pelo Papa Bento XVI, acabaram por declarar abertamente que o problema não era o latim, nem que era uma questão de gosto nostálgico por uma cerimônia do passado, mas sim uma profunda questão teológica: a Missa de sempre e a Missa nova teriam duas Teologias opostas.      Habemus confitentem reum! (Temos a confissão dos culpados!)     Essa confissão tardia levanta agora publicamente um problema: a Nova Missa de Paulo VI, tendo outra Teologia que a Missa anterior. Qual das duas é inteiramente católica?      Claro que a Missa de sempre é totalmente católica.      É a Nova Missa de Paulo VI, feita por maçons e pastores protestantes, é a essa nova Missa causadora de tantos abusos e escândalos que cabe a pergunta: até que ponto essa Missa pode ser tida como ortodoxa? Até que ponto ela se afastou da doutrina católica?     Desde o princípio, os Cardeais Bacci e Ottaviani denunciaram que a Nova Missa de Paulo VI se afastara perigosamente da doutrina de Trento, aproximando-se da teologia protestante da ceia.     Depois, ela se tornou a fonte de abusos e de sacrilégios.     Essa nova Missa contribuiu tanto para a apostasia de milhares de sacerdotes, quanto para o verdadeiro êxodo de fiéis católicos para as seitas protestantes. Foi especialmente por meio dela que o povo conheceu o Concílio Vaticano II. Tanto que o próprio Paulo VI disse a Jean Guitton que jamais permitiria a liberação da Missa antiga, pois isso seria condenar simbolicamente o Vaticano II...     E é o que está fazendo, implicitamente pelo menos, Bento XVI.
 
Duas Missas – Duas Teologias – Duas Religiões
      Agora, por ocasião da fundação do Instituto do Bom Pastor, de direito pontifício, e que, pelo decreto de fundação tem a obrigação de só rezar a Missa de sempre, assim como tem o dever de fazer a critica da letra do Concílio Vaticano II, jornalistas, padres e Bispos modernistas fizeram violentas e escandalosas declarações defendendo teses modernistas e atacando o Papa Bento XVI. Nessas declarações é que vários deles acabaram por confessar que a diferença das duas Missas era de fundo teológico e não simplesmente uma questão de idioma ou de estética ou gosto.      Damos abaixo algumas dessas declarações.     O jornalista Patrick Perotto afirmou que a Missa de sempre se fundamenta numa noção sacrifical da Missa — ela é a renovação do sacrifício do Calvário – enquanto a nova missa de fundo protestante de Paulo VI se baseia numa teologia da comunhão e do ecumenismo.     Eis suas palavras:
"Com efeito, por detrás do rito, se escondem problemas muito mais importantes. Em um sermão pronunciado no dia 10 de Setembro [de 2006]na igreja de Santo Eloi em Bordeaux, o Padre Laguérie não escondeu suas intenções: acabar com o Concílio Vaticano II. Dito em outros termos, ele deseja o retorno ao antigo rito que desenvolve uma visão sacrifical da Missa e não uma teologia da comunhão tal qual ela se pratica hoje, mas se opõe também ao ecumenismo com os protestantes e com os ortodoxos, ao diálogo inter religioso com as religiões não cristãs, assim como à liberdade religiosa. Antes do Concílio, a Verdade só podia ser católica!" (Patrick Perotto, Remoinhos em Torno da Missa em Latim, artigo in O Leste Republicano, 31-X-2006).

     N
o site Golias, órgão ultra-radical dos modernistas franceses, Christian Terras e Romano Libero publicaram um artigo intitulado "Verdadeiramente Tradicional?", em cuja introdução se podem ler estas linhas incríveis sobre a Missa de sempre, acusando-a de ter uma teologia pagã de sacrifício, portanto, uma teologia não evangélica, não cristã:
"O antigo rito da Missa estava por demais marcado por uma Teologia inumana e talvez pagã, em todo o caso, pré-evangélica, de sacrifício"(Christian Terras, Romano Libero, Traditionnelle Vraiment? – In Golias, 21 de Outubro de 2006 
http://www.golias.ouvaton.org/Traditionnelle-vraiment).

     E ainda, nesse mesmo artigo, escreveram esses autores:

"O que está em jogo é importante do ponto de vista teológico. A Missa em latim de Pio V salienta a idéia de um Deus onipotente, afastado do mundo, que julga os homens, quando a Missa resultante do Vaticano II salienta a idéia de um Deus entre os homens. Na primeira, o sacerdote sobe os degraus do altar, portanto volta-se para Deus, dando as costas aos fiéis. Na outra, o Padre preside a assembléia no meio dos fiéis, como Cristo que veio habitar entre os homens".
"São duas teologias que se confrontam, duas atitudes espirituais que se manifestam em liturgias diferentes. Não é uma questão de sensibilidade artística ou estética. Mas a manifestação de um sentido que é dado à mensagem cristã". (Christian Terras, Romano Libero, artigo Tradicional-Verdadeiramente, http://www.golias.ouvaton.org/Traditionnelle-vraiment, 21 de Outubro de 2006).

     Isso é que é falar claro! A Missa de São Pio V e a Missa de Paulo VI são Missas que refletem duas Teologias diferentes e opostas.
     Se esses autores disseram a verdade, deve-se impor a pergunta: serão elas Missas de uma mesma religião?     A lógica manda concluir que não: elas refletem duas teologias opostas, portanto duas religiões opostas. Se uma é certa, a outra é errada.     Daí a violência da polêmica entre os seus respectivos defensores.     Uma semana depois, esses mesmos autores, publicaram no site Golias o artigo intitulado "O que está por baixo da Querela Litúrgica".
 "Certamente, a Teologia da antiga missa, ignorando a assembléia e a dimensão de refeição nos parece superada e desequilibrada. Ao mesmo tempo, é principalmente o conjunto de uma visão de Deus e do homem sub-jacente à reivindicarão tradicionalista que nos incomoda profundamente. Trata-se de permanecer fiel ao impulso imprimido pelo Vaticano II". “(...) Em torno da Liturgia se confrontam visões muito vastas das coisas. Como nota o teólogo Jean Rigal". A Liturgia, além do fato de tocar o visual, o sentimento, o costume, envolve também toda uma concepção de Igreja e dos ministérios. Evidentemente, o fato de só o padre fazer as leituras bíblicas ou se os leigos as fazem também não quer dizer a mesma coisa. Não é também a mesma coisa se há somente homens distribuindo a comunhão, ou se há também mulheres. Eis porque as polêmicas sobre a Liturgia são freqüentemente bem mais profundas do que aparentam"."Para localizar o envolvimento de Golias neste assunto, parece-me judicioso retomar por nossa conta as excelentes reflexões dos católicos de Bordeaux":"Será preciso acentuar, não é a Missa em latim que nos importa. Essa prática camufla mal os objetivos políticos fundamentais desse grupo. É exatamente contra os perigos do integrismo – quer seja ele católico, judeu, ou muçulmano ou outro ainda – que nos erguemos (...) A Fraternidade São Pio X, excomungada pelo Papa em 1988, se manifesta por um apego a valores antidemocráticos, por seu ódio à laicidade, aos Direitos do Homem e por uma visão arcaica da sociedade (homofonia, visão retrógrada do papel das mulheres, controle educativo, oposição ao controle de natalidade, etc...(...)."A dissidência integrista se origina portanto em lugar bem diferente: em uma visão ideológica perversa, politizada do catolicismo. A tendência naturalmente intransigente do catolicismo é levada aí até o extremo" (Christian Terras, Romano Libero, Les Dessous de la Querelle Liturgique -- http://www.golias.ouvaton.org/ 28 octobre 2006). 
      Eis aí o que pensam os modernistas franceses, sobre a Missa católica: há uma Teologia da missa Nova de Paulo VI totalmente discordante da Teologia em que se fundamentou a Missa de sempre. A discordância não por causa do latim, como sempre tentaram dizer os modernistas, enganando o povo fiel. A discordância é teológica.     As duas Missas refletem duas visões do mundo totalmente opostas. Uma é a Missa do Deus que se fez homem e morreu por nós no Calvário.      A outra é a Missa do Homem que se fez deus, por sonhar ter em si uma semente divina.     E certos Bispos modernistas franceses, não pensam diversamente.     O Bispo de Verdun, assim se expressou com relação ao anunciado decreto de Bento XVI, liberando a Missa de sempre:

"(...) a escolha do rito tridentino não é só uma questão de sensibilidade; a liturgia, com efeito, é portadora de uma Teologia da Igreja, e a liturgia saída do Vaticano II exprime a teologia – permanente – da Igreja tal qual ela foi formulada pelo Concílio Vaticano II (...) a palavra sensibilidade não é suficiente para explicar a razão da escolha da liturgia tridentina: num domínio tão grave como o da Liturgia, a gente não se conduz somente pela sensibilidade" (François Maupu, Bispo de Verdun).

     Numa entrevista, intitulada "A Missa em Latim: Um medo ante à Abertura ao Mundo”, em 17 de Outubro de 2.006, no jornal Humanité, – humanite.presse.fr 
http://qien.free.fr/2006/200610/20061017_gaffin.htm – o Padre Gilbert Gaffin, antigo representante do Escritório Internacional do Ensino Católico no Conselho da Europa, deu sua opinião sobre a volta da missa em Latim desejada pelo Papa Bento XVI:

"Salientemos inicialmente que não se trata de restaurar o latim na Missa tal como ela decorre do Vaticano II, mas de permitir celebrar, em latim, a Missa de antes do Vaticano II, mais conhecida como Missa de São Pio V. Falando claro, isso significaria voltar a celebrar como se o Vaticano II não tivesse existido".
               Falou bem Padre Gaffin: se Bento XVI liberar a Missa de sempre, ele estará de fato anulando o Concílio Vaticano II. Ou, como disse o site Golias, estará enterrando o Vaticano II, com seu humanismo antropocentrista, com seu relativismo ecumênico, com sua colegialidade anti-monárquica, portanto anti papal e democratizante.     Se Bento XVI, capitular ante os uivos da alcatéia modernista, ele estará dando triunfo à Nova Missa com sua Teologia antropocentrista e heterodoxa, estará fazendo triunfar o relativismo teológico do ecumenismo, abdicando, de fato, da monarquia papal, para instalar em seu lugar, plenamente, a colegialidade democrática do Vaticano II, na Igreja de Cristo, sobre a qual as portas do inferno não podem prevalecer.     Cremos na palavra de Cristo. Os modernistas não prevalecerão. Non praevalebunt!”.     Rezemos pelo Papa Bento XVI para que ele, "não recue por receio dos lobos" conforme ele mesmo pediu na homilia da sua primeira Missa pontifícia.

São Paulo, 22 de Novembro de 2006Orlando Fedeli


    Para citar este texto:
Orlando Fedeli - "´Por muitos`. Não ´por todos`"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=por_muitos〈=bra 

Cardeal Dom Eugenio Sales defende a instrução Redemptionis Sacramentum

Mensagem do Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro




28/05/2004
Santíssima Eucaristia

A Sala de Imprensa da Santa Sé, a 23 de abril passado, divulgou um documento da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos intitulado "Redemptionis Sacramentum". Trata de alguns itens que devem ser observados, em relação à Santíssima Eucaristia. A apresentação foi feita pelo Cardeal Prefeito desse Dicastério e pelo Secretário do mesmo. Fez-se presente a Congregação para a Doutrina da Fé. Participou também o Cardeal Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.
Essa tomada de posição da Sé Apostólica havia sido anunciada na Carta Encíclica "Ecclesia de Eucharistia" do Papa João Paulo II, datada de 17 de abril de 2003. Sem dúvida, pode ser alinhada entre os mais importantes pronunciamentos do Magistério do atual Papa. Mostra a necessidade de correções e fortalecimento da Liturgia Eucarística. Assim, "o sacerdote ponha em prática a recomendação conciliar de celebrar diariamente a Santa Missa" (nº 31). E adiante: "Desejo reafirmar que vigora ainda e sempre há de vigorar na Igreja a norma doConcílio de Trento que concretiza a severa advertência do Apóstolo Paulo (...) que se deve fazer antes a confissão dos pecados, quando alguém está consciente de pecado mortal" (Idem nº 36). Diz ainda o Papa (Ibidem nº 52): "Temos a lamentar, infelizmente, que sobretudo a partir dos anos da reforma litúrgica pós-conciliar, por um ambíguo sentido de criatividade e adaptação, não faltaram abusos, que foram motivo de sofrimento para muitos". E adiante, aborda um assunto fundamental, não só na Liturgia, mas em toda a vida eclesial: a obediência. Diz ele: "Atualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas (...) precisamente para reforçar esse sentido profundo das normas litúrgicas (...) pedi aos Dicastérios competentes da Cúria Romana que preparem sobre tema de tão grande importância um documento específico incluindo também referências de caráter jurídico" (nº 57).
Essas poucas citações respigadas no texto da Encíclica revelam a vinculação da mesma com o recente documento "Redemptionis Sacramentum". Ao apresentá-lo ao público, o Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos recordou os elementos positivos na celebração do culto, desde o Vaticano II e afirmou que "os abusos têm sido, para muitos, motivos de sofrimento". O Arcebispo Secretário do mesmo Dicastério afirma que o texto "apenas recorda as normas litúrgicas vigentes" e que não se deve fazer da Liturgia uma "zona franca" a experimentações e arbítrios pessoais não justificados mesmo por qualquer boa intenção".
O texto da Instrução consta de uma Introdução, oito capítulos e a Conclusão.
O capítulo I trata da "Ordenação da Sagrada Liturgia". No parágrafo 24 afirma: "O povo cristão, por sua parte, tem o direito a que o Bispo Diocesano seja vigilante para que não se introduzam abusos na disciplina eclesiástica".
O capítulo II tem por título: "A participação dos fiéis leigos na celebração da Eucaristia".
O III capítulo expõe a "Celebração correta da Santa Missa". O parágrafo 59 afirma: "Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos ou mesmo fiéis leigos, mudem ou alterem a seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da Sagrada Liturgia que eles pronunciam". A Instrução precisa, no parágrafo 64, que a homilia "jamais pode ser feita por um leigo". Sobre a paz antes da Comunhão, no parágrafo 72: "Convém que cada um dê a paz sobriamente, só aos mais próximos a ele".
O Capítulo IV "A Sagrada Comunhão", mostra as disposições para recebê-la. A Primeira Comunhão das crianças deve ser sempre precedida da confissão e absolvição sacramental (...) sempre deve ser administrada por um sacerdote e nunca fora da celebração da Missa" (nº 87). Sobre a distribuição da Sagrada Comunhão recorda ser o direito de todos os fiéis escolher recebê-la na boca ou na mão.
O capítulo V, "Outros assuntos que se referem à Eucaristia".  assinala que sempre e em qualquer lugar é lícito aos sacerdotes celebrar o santo sacrifício em latim, salvo quando está estabelecido que seja celebrada na linguagem do povo.  Com exceção do celebrante principal, "que sempre deve usar a casula da cor prescrita, os concelebrantes podem substituí-la pela estola sobre a alva, quando há justa causa”.
A reserva da Sagrada Eucaristia e seu culto fora da Missa é o título do capítulo VI.  Diz o documento: "Ao Santíssimo Sacramento será reservado um sacrário na parte mais nobre da igreja, mais insigne, destacada e convenientemente adornada". Recomenda que "se promova insistentemente a piedade à Santíssima Eucaristia, tanto privada como pública".
O capítulo VII "Ministério extraordinário dos fiéis leigos" recorda que "somente por verdadeira necessidade se recorra ao auxílio desses ministros na celebração litúrgica".
O capítulo VIII trata dos remédios aos diversos abusos mais graves ou não, mas todos merecedores da atenção para evitá-los ou corrigi-los. Mesmo não elencados no documento, requerem a devida emenda segundo as normas do Direito. Ao Bispo diocesano, "dado que tem obrigação de defender a unidade da Igreja em todo o universo, cabe promover a disciplina, que é comum a toda a Igreja". E o sacerdote, diácono ou fiel leigo "tem o direito de expor sua queixa, por um abuso litúrgico, ante o Bispo diocesano."
São normas que surgem da Carta Encíclica "Ecclesia de Eucharistia", destinada a uma profunda meditação na Igreja e de um acurado sentido de obediência à ordem do Senhor.  A renovação da Igreja passa pela obediência à Liturgia. Esse documento é fruto de uma determinação do Santo Padre. Cabe a nós, observar e fazer observar as normas nele contidas. Para isso, peçamos a ajuda de Maria, a Virgem Fiel.


    Para citar este texto:
"Cardeal Dom Eugenio Sales defende a instrução Redemptionis Sacramentum"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=domeugenio〈=bra 

A verdadeira Liturgia é a ponta de lança da ação de Bento XVI


Padre John Zulsdorf, em entrevista concedida, ontem, (8 de Julho de 2008) a Anna Marie Adkins - (http://paparatzinger-blograffaella.blogspot.com) tratou dos atos pró Missa antiga tomados por Bento XVI, especialmente através do Motu Proprio Summorum Pontificum, contra o qual os Bispos pró modernismo se tem manifestado por meio de chicanas canônicas e manobrinhas rasteiras.
 
Padre Zuhlsdorf pertenceu no passado à Eccesia Dei, e é um especialista em liturgia. Nessa entrevista, ele confirma a informação de que o Vaticano está para lançar um novo documento, para reforçar o Motu Propro, e anular as resistências episcopais à vontade do Papa de restaurar por toda parte a Missa de sempre. Padre Zuhlsdorf considera que, após o Vaticano II, houve uma verdadeira devastação litúrgica na Igreja, pois se deu uma ruptura com a tradição católica. Pela brecha aberta na muralha da tradição, entraram na Igreja, com a fumaça de satanás, o relativismo e o secularismo reinantes na modernidade.
 
Bento XVI, desde os tempos em que exerceu cargos em Roma,  preocupou-se sempre com a derrocada da liturgia e do catolicismo que instituíram os fundamentos da chamada civilização ocidental.  Com efeito, a Europa, destruída pelas invasões bárbaras do século V, foi reconstruída pelas abadias beneditinas, difusoras da Fé e guardiães da tradiçao eclesiástica, assim como entesourando a sabedoria antiga. A Europa é filha da Igreja Católica, e se desenvolveu com a sabedoria cristã e com a liturgia romana.
 
Para dar verdadeiro e digno culto a Deus, para  reconstruir a Igreja devastada no pós Concílio, assim como para reconstruir a Civilização Ocidental e a Europa, Bento XVI quer revigorar a Missa de sempre.
 
Lembra Padre Zuhlsdorf, que a identidade católica está ligada indissoluvelmente à oração litúrgica, especialmente à Missa. Portanto, ele deixa entrever que a Nova Missa instalada por Paulo VI fez perder, pelo menos em parte, essa identidade. O que é uma acusação gravíssima. Daí, a necessidade de restaurar da Missa de sempre.
 
Conforme os modernistas,  a Igreja renasceu com o Vaticano II. Mas Bento XVI não pensa propriamente assim, e, por isso, está procurando levar a Igreja à liturgia tridentina, a um maior respeito ao Santíissmo Sacramento. Padre Zuhlsdorf crê, com Bento XVI, e com evidente bom senso católico, que só pode haver vida católica mantendo-se a união com as raízes do Catolicismo, isto é, com a trradição católica. E conclui Padre Zuhlsdorf que a Liturgia é a ponta de lança do combate de Bento XVI.
 
Orlando Fedeli - "A verdadeira Liturgia é a ponta de lança da ação de Bento XVI"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=verdadeira_liturgia〈=bra
Online, 18/02/2010 às 11:52h

COMUNGAR BEM


fonte: site monfort 

Nossa Santa Igreja, desde o início, adverte os fiéis sobre a responsabilidade de receber dignamente – isto é, em estado de graça – o Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Já no início da Igreja, São Paulo Apóstolo exortava severamente os cristãos da comunidade de Corinto, com as seguintes palavras:
“Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice anunciais a morte do Senhor até que Ele venha. Eis por que todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que comer e beber sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1 Cor. 11,26-29).
 
Aprendemos no catecismo da infância que, para receber dignamente a Eucaristia, é necessário encontrar-se na graça de Deus, ou seja, não ter consciência de nenhum pecado grave. Quem teve a fragilidade de cometer uma falta grave, deve primeiro converter-se, isto é, mudar de comportamento e depois aproximar-se humildemente do sacramento da confissão para receber a absolvição. Então poderá receber digna e frutuosamente a comunhão eucarística.  
 
Nossa Santa Igreja continua a expor esta doutrina através dos séculos. O Servo de Deus Papa João Paulo II declarou oficialmente:
“Se o cristão tem na consciência o peso de um pecado grave, então o itinerário da penitência, através do sacramento da reconciliação, torna-se o caminho obrigatório para se abeirar e participar plenamente do sacrifício eucarístico” (ENCÍCLICA “ECCLESIA DE EUCHARISTIA” n. 37). Neste mesmo documento, o Papa transcreve a seguinte exortação proferida pelo grande doutor da Igreja São João Crisóstomo: “Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De fato, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados castigos”.
 
“O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (n. 1415) estabelece o mesmo princípio: “Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente, a absolvição no sacramento da penitência”.
 
Infelizmente, hoje em dia circulam teorias falsas afirmando que podem receber a comunhão eucarística pessoas que vivem habitualmente em situação de pecado, p. ex., casais que vivem em situação matrimonial irregular, ou seja, na assim chamada “segunda união”. Sobre este problema o mesmo Papa João Paulo II se pronunciou claramente na EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “ FAMILIARIS CONSORTIO” n. 84. Eis suas palavras:  
“A Igreja, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união. Não podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condições de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja, significada e atuada na Eucaristia. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”.
 
O mesmo princípio foi reafirmado recentemente pelo atual Santo Padre Bento XVI na sua EXORTAÇÃO APOSTÓLICA “SACRAMENTUM CARITATIS” n. 29:
“O Sínodo dos Bispos confirmou a prática da Igreja, fundada na Sagrada Escritura (Mc 10, 2-12), de não admitir aos sacramentos os divorciados re-casados, porque o seu estado e condição de vida contradizem objetivamente aquela união de amor entre Cristo e a Igreja que é significada e realizada na Eucaristia”.
 
A insistência do Santo Padre, por meio de declarações oficiais e solenes, demonstra a atualidade e a importância pastoral deste problema. Quem tivesse a ousadia de defender a doutrina contrária afirmando que os que estão em situação de pecado e, especificamente aqueles que vivem “em segunda união matrimonial” podem receber a eucaristia, tal pessoa evidentemente estaria discordando do Vigário de Cristo na terra e colocando-se em grave situação de pecado, por estar induzindo outros a comungar sacrilegamente.
 
A Eucaristia, como já dizia Santo Tomás de Aquino, “é o bem máximo da Igreja”. O Concílio Vaticano II, declarou: “a Eucaristia é a fonte e ápice de toda a vida Cristã” (LUMEN GENTIUM n. 11).
 
Podemos então logicamente concluir que nossa vida eucarística é o termômetro de toda a nossa vida espiritual: se quisermos saber qual o atual nível de nossa vida espiritual, é suficiente examinar nossa devoção eucarística.

Dom José Carlos Sobrinho

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Quaresma e Campanha da Fraternidade 2010


Fonte: site CNBB

A Campanha de 2010 tem como tema: “Economia e Vida”. O lema é tirado do Evangelho de Mateus: “Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6, 24).

Depois das últimas crises financeiras mundiais, a importância do assunto salta aos olhos. É importante tratar a economia não só do ponto de vista técnico, do “economês”, mas sob o enfoque do Evangelho, da vida digna das pessoas, dos povos e da paz mundial.
A Campanha da Fraternidade mostrou-se muito eficaz, justamente porque trabalha a mente e o coração das pessoas. Em 1979, quando a Campanha tratou sobre o meio ambiente, o Ministro do Interior, Rangel Reis afirmou: “Esta foi a melhor coisa que aconteceu até hoje. O povo brasileiro tomou consciência da necessidade de cuidarmos da natureza”. Ou, como dizia o lema, “preserve o que é de todos”.
Todos os rincões do país são atingidos, até a escolinha do interior dos interiores. As comunidades reagem conforme sua realidade e cultura. Algumas tomam iniciativas imediatas, outras vão mais devagar. Mas todas são atingidas.
Quando a Campanha da Fraternidade é ecumênica, como em 2010, sua eficácia é bem maior. Aliás, o Brasil é um exemplo para o mundo. Nós sabemos trabalhar em comum, respeitando as diferenças, os grandes temas que afetam o bem comum do povo e da humanidade. Assim as Igrejas cristãs ajudam a preservar a paz e a solidariedade nacional. Esta capacidade é fruto do diálogo entre as Igrejas e da experiência bem sucedida do trabalho conjunto.
Temos confiança uns nos outros.
Outro fator de êxito da campanha é o fato de propor assessorias especiais para jovens e crianças. Pessoas ligadas à educação elaboram sugestões para as escolas. As crianças e os jovens não só compreendem o mundo novo, com suas novas exigências, mas irradiam os novos ideais para suas famílias e as comunidades.
Convido nosso povo a se deixar interrogar pela Campanha 2010 e a colaborar para que a economia ocupe seu lugar importante na vida, mas não seja ídolo. E que sirva para a vida digna e feliz de todos.

Dom Sinésio Bohn

Decoro nos lugares Sagrados

Autor: Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales
Arcebispo emérito do Rio de Janeiro (Brasil)
Fonte: www.cliturgica.org e Salvem a Liturgia

Tratemos hoje de desvios que, por vezes, ocorrem em igrejas e capelas. A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos diz: “Não é estranho que os abusos tenham sua origem em um falso conceito de liberdade. Posto que Deus nos tem concedido, em Cristo, não uma falsa liberdade para fazer o que queremos, mas sim a liberdade para que possamos realizar o que é digno e justo” (Instrução “Redemptionis Sacramentum”, n. 7).

Esses desvios, sem dúvida, “contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica sobre este admirável Sacramento” (Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, n. 10), principalmente neste período de maior afluência de turistas ao nosso país e, aqui, à Catedral e à capela do Santuário Cristo Redentor do Corcovado, entre outros pontos.

Os sacerdotes que respondem pelo respeito a esses e a outros lugares sagrados esperam contar com a colaboração dos visitantes.

Dizia São Josemaria Escrivá: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor".

Afirmava ainda: "Quando na terra se recebem pessoas investidas de autoridade, preparam-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira devemos preparar-nos?" (Homilias sobre a Eucaristia).

O novo “Catecismo da Igreja Católica” nos adverte: “A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede”. (n. 1387)

Nas mais diversas religiões, existe o lugar sagrado e quem nele entra, deve fazê-lo do modo de agir e de vestir condizente com o Sagrado. Em uma igreja católica acresce uma observância de regras mais exigentes, pois nossa fé nos ilumina com a presença real no Sacrário, em cujo interior está a Eucaristia, Jesus Cristo vivo sob as espécies sacramentais.

Mesmo os que não pertencem à Igreja Católica sentem-se na obrigação de uma postura adequada pelo mais elementar bom senso. O Senhor Jesus, tão compadecido no trato com os pecadores não recusa o uso de termos severos nesse assunto, o que revela a importância do que diz respeito à casa de Deus.

Há poucos anos, por diversas vezes, o Servo de Deus João Paulo II se manifestou sobre observância das normas litúrgicas. Na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, com data de 17 de abril de 2003, assim nos ensinava sobre o assunto: “Por isso, sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística. Constituem uma expressão concreta da autêntica eclesialidade da Eucaristia; tal é o seu sentido mais profundo. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados os santos mistérios (...). A celebração da Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso, mas significativo, o seu amor à Igreja”.

O mesmo Sumo Pontífice, a 7 de outubro de 2004, em sua Carta Apostólica“Mane Nobiscum Domine”, assim se expressou: “Torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da presença real de Cristo, tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comportamento no seu todo”, não só por ocasião da missa, mas em conseqüência da presença real na Eucaristia. A atitude de quem está no templo “seja caracterizada por um respeito extremo”. (“Mane Nobiscum Domine”, nº 18).

Evocando textos da Sagrada Escritura acerca do respeito pelo sagrado, cito ainda dois exemplos. No Antigo Testamento, o episódio da "sarça ardente" narra o que Deus diz a Moisés e elucida a sacralidade do lugar onde se encontra: "Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras, é uma terra santa" (Ex 3,5). No Novo Testamento, a atitude de Jesus reprova o desrespeito dos que ali se davam ao comércio: "Jesus entrou no Templo e expulsou todos os vendedores e compradores que lá estavam e disse-lhes: A minha casa será chamada casa de oração. Vós, porém, fazeis dela um covil de ladrões" (Mt 21, 13ss). Nas palavras de Jesus ecoa, não somente o facto de que a razão de ser do lugar sagrado é o culto divino, mas também um sinal da presença de Deus entre os homens e da religiosidade do povo.

Todas essas considerações nos levam a observar as normas a ser seguidas nas celebrações litúrgicas e nas visitas aos lugares de culto. Nos nossos dias, de maior movimentação pelo turismo, é importante não esquecer a diferença existente entre a visita a uma pinacoteca e ao lugar sagrado em si mesmo e, particularmente, durante a celebração litúrgica. Dois aspectos: o silêncio e o vestuário. O acolhimento aos que desejam entrar nas igrejas ou capelas não exclui a observância de certos requisitos por respeito ao sagrado e o clima espiritual a ser mantido.

Aqui no Rio de Janeiro, entre outros, cito a capela no Santuário Cristo Redentor do Corcovado, a Catedral e igrejas próximas à orla marítima. Não só durante as celebrações litúrgicas, as razões valem para quem tem fé, mas também para qualquer visitante por respeito ao lugar sagrado. Na entrada costuma haver advertências aos menos avisados sobre as exigências decorrentes da nossa fé. A observação das mesmas poupa eventuais aborrecimentos.

Os lugares de culto, bem cuidados, são eficazes meios de evangelização.